Relato de uma professora paranaense
Professor de Geografia do Paraná |
"Existem momentos que gostaríamos de não ter
vivido. É assim que me sinto hoje. Vi colegas professores no chão, desmaiados,
sendo chutados pela PM, a mando do Secretário de Segurança, Francischini.
Os outros colegas tentavam ajudar, em vão, pois
quando mais tentavam recuperar os feridos, mais bombas caiam sobre nós. Fomos
massacrados durante duas horas. A PM armada de bombas de gás, spray de pimenta,
treinamento militar, armas de fogo e nós? O que tínhamos para nós defender?
Apenas a nossa voz.
Cercados não havia para onde correr. Mesmo
encurralados com as mãos para cima as bombas não pararam. Um cenário de guerra.
Vi funcionários públicos em choque, em histeria, chorando (não é fácil ver um
ser humano ser pisoteado e não poder fazer nada).
Gritei a alguns soldados que estavam perto de mim
"Ajudem! Vocês estão aqui para nos proteger". Imóveis eles apenas
olhavam as viaturas. A ambulância não conseguia recolher os feridos.
Todos recuamos e buscamos abrigo na Prefeitura de
Curitiba, onde outros paranaenses viam horrorizados a nossa dor e nosso
desespero.
No carro de som, o comando da APP sindicato
gritava, já com a voz, rouca: POLICIAIS NOS JÁ RECUAMOS, PAREM COM AS BOMBAS.
Em vão, só pararam quando o Senador Roberto Requião subiu ao palco do carro de
som.
Hoje nossa dignidade nos foi tirada. Nossa
humanidade nos foi arrancada. Hoje fomos tratados como bandidos. E não como
Profissionais graduados, com especialização, concursados e com anos de
carreira. São 150 feridos (devido a tiros de borracha e mordida dos cães
policiais), 8 em estado grave e suspeita de 2 mortes. Hoje temi por minha vida.
E senti vergonha de ser paranaense e viver em um
regime de fascismo liderado por este que devia governar o nossa estado.
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