Por Professor Chiquinho Luíz
Vivemos em um país que trata a educação como gasto e não como investimento. Onde administradores aprovam uma lei confusa e maldosa, chamam de Lei do Piso e nós engolimos como patetas. Onde temos que dar aulas onde ao menor sinal de chuvas tudo já está alagado (e ainda nos vem um idiota justificar que tem lugares onde se estuda debaixo de uma árvore. Que se dane! Está mais errado ainda.), as nossas crianças recebem como merenda biscoitos de água e sal com um leite embolorado ou “ki-suco”, as carteiras que sentam-se muitas vezes são restos e temos quadro e giz, não para lecionar, mas para morrer de câncer mais rápido.
Que país é esse onde um professor de primário recebe um “bucado” de folhas de papel ofício das mãos de terceiros para elaborarem avaliações e aparelhos antiquados como mimeógrafos levam meses para serem consertados? Onde a água para o consumo das crianças é armazenada em potes de barros e os reservatórios são tanques velhos e sujos? Onde professores são abandonados à própria sorte e cobrados como burros de cargas? Onde os cursos de aperfeiçoamentos são arremedos e sempre chegam de última hora, sendo sempre os mesmos personagens a realizá-los para dizer que estão sendo qualificados? Onde se cobra mais de quem recebe menos e quase nada de quem recebe mais?
A situação é complicada, essa educação não tem como dar certo. Ainda mais por que nós educadores somos desunidos, compráveis e INCOPETENTES. Sim, somos muito, muito mesmo, incompetentes.
Somos nós que temos essa massa nas mãos. Estamos todos os dias com milhares de crianças sob nosso comando, cuidados e responsabilidade. Mas não sabemos usar isso a favor da construção do verdadeiro país que deveríamos ter. Nos calamos por pouco, em nossa maioria somos preguiçosos, egoístas e incapazes de fazer a mudança que reclamamos pelos cantos em nossas conversas nos famosos encontros pedagógicos, que, na maioria das vezes, não passam de reuniões para falar de novelas, futebol, maquiagem e reclamações contra os governantes.
Somos INCOMPETENTES porque não exercemos nossas funções com zelo, fazemos o que os governantes querem, não nos unimos, não lutamos pela mudança que pedimos e ainda nos calamos diante das dificuldades. Só quando formos para a sala de aula pensando no coletivo e na melhoria que pretendemos mudaremos a cara dessa educação. Mas para realizar essa mudança devemos começar por mudar nosso comportamento.
Infelizmente existem alguns educadores que nem merecem o salário que recebem, imagine aumento. Posso estar sendo duro e ser mal entendido por muitos, mas a nossa incompetência está presente na incapacidade de fazer diferente, de sair do discurso para a ação, de deixar o medo de lado, de não aceitar favores e dar o exemplo para os nossos alunos. Que exemplo eles terão de educadores que reclamam e não tem a dignidade de lutar pelo que desejam, que nem se unem?
Enfim, para concluir essa postagem, que soa como desabafo, quero apenas fixar os pontos que me levam a dizer que somos "UM BANDO DE INCOMPETENTES": somos nós que estamos todos os dias com esses milhares de crianças e continuamos propagando a cultura da “RECLAMAÇÃO SEM AÇÃO”; boa parte de nós não utiliza as aprendizagens que temos nem para fazer valer a migalha que recebemos.
Somos INCOERENTES e INCOPETENTES!
Otima postagem!
ResponderExcluirConcordo em grau e em gênero.
E ainda questiono:
De que vai adiantar um reajuste salarial se as condições de trabalho vão continuar péssimas?
A função do professor é sem sombra de dúvidas, a mais importante de todas. Do gari ao presidente, do deputado ao policial, todos passaram pelas mãos do professor. Dai não entender a forma negligente como são tratados estes profissionais e o sistema educacional como um todo. São muitos os obstáculos que esses profissionais tem que transpor todos os dias na árdua batalha de construir o futuro do Brasil. São absurdos que vão desde a falta de apoio e infra-estrutura para o desempenho da função, até a violência que hoje em dia ronda as escolas. Isso sem falar da baixa remuneração que força muitos professores a empreender tripla jornada de trabalho. E não pára por ai. Além da falta de apoio dentro da própria organização em que atuam, em alguns casos, submetendo-se à humilhações de toda ordem por parte de seus superiores (o chamado assédio moral), os professores também não contam nem com o apoio das famílias de seus alunos que simplesmente "jogam" seus filhos na escola e o professor que se vire.
ResponderExcluirO Professor Chiquinho Luiz, de forma bastante introspectiva mergulhou no cerne da questão e encontrou o porquê dessa situação: a lncompetência. Todo professor peca em algum quesito, em dois ou em vários. As vezes ele é competente, uma excelência em sala de aula, querido pelos alunos e admirado pelos seus pares. Mas peca por baixar a cabeça para o que está errado. Para o que torna o seu trabalho ainda mais difícil. Peca por omissão, por corvardia, por ignorância dos seus direitos. Então ai ele se torna um incompente. Um profissional incapaz de conquistar a sua valorização pessoal e profissional.
Portanto professores, pensem nisso!
É isso aí, Chiquinho.Nunca vi tanta incompetência nesse sentido. Mas você conhece bem a nossa situação. Não adianta só você, eu e alguns colegas reclamarem ou tentar resolver qualquer que seja o problema. Quantos são os professores municipais? Seria bom que todos refletissem, pois as coisas não se resolvem por si só. É preciso o engajamento de todos nessa luta,não só pelo salário, mas também, por melhores condições de trabalho,entre outras coisas. Estamos fazendo nossa parte, Chiquinho, e você sabe que sozinhos, não resolveremos nada. Mas como diz o ditado,"cada povo tem o governo que merece." Espero que reflitam essa situação e juntem-se á nós também, pois sabemos que a UNIÃO FAZ A FORÇA! VENHAM PESSOAL! NÃO ESTAMOS PEDINDO NENHUMA ESMOLA, APENAS LUTANDO POR NOSSOS DIREITOS! ÂNIMO!
ResponderExcluirMuito bonita suas palavras. Mais já pararam para pensar que o erro também é dos professores. Na escola municipal tem uma sala com computadores onde os professores realizam e realizaram curso para aperfeiçoamento e assim saber usar com os alunos. E isso eles fazem? Se perguntar-mos aos alunos como eles pesquisam, eles irão lhe informar que o professor "joga" eles dentro da sala (...). Será que foi isso mesmo que eles aprenderam no curso? Ou eles aprenderam a utilizar o computador em beneficio do aluno e este iria utilizar ele mesmo? Vamos olhar os dois lados da moeda. O governo não tem como fazer milagres em todo o país, mais os beneficios que ele traz ninguém leva em conta e ainda faz que não existe. É muito fácil olhar o erro dos governantes, mais já pararam pra pensar no erro dos professores onde muitos alunos se formam (2º grau) sem saber escrever e ler corretamente! Vamos tentar melhorar a educação, melhorando os professores, pois só assim a educação no nosso município vai para frente. Professores, tenham mais responsabilidade com seus alunos!!!
ResponderExcluirPerfeitamente.Postei minha opinião em relação ao reajuste salarial e ao posicionamento de alguns colegas em relação a isso, onde o colega Chiquinho, já falou antes. E não quis ofender ninguém, só chamá-los à uma luta que é de interesse de todos os educadores, imagino eu. Quanto ao curso, estou adorando, com algumas exceções, e só não utilizo na escola, porque ainda não temos computadores. Mesmo assim,me ofereci para ensinar à alguns alunos na minha casa, na medida do possível,por notar as necessidades deles e uma vontade enorme de aprender, para quando chegar esses computadores, eles poderem ajudar os colegas. Nós, professores não podemos fazer milagres também. Como diz nossa colega professora Amanda Gurgel, de Natal:" não somos os salvadores da Pátria"...não com as condições de trabalho que temos, e com esse salário, menos ainda, sozinhos. Qualquer profissional com a mesma formação que nós, ganha duas ou três vezes mais, e estes todos não passaram pelas salas de aula, pelos professores? Faço meu trabalho o melhor possível, e de acordo com as condições que a escola oferece e devemos levar em conta a questão social, familiar, econômica,cultural, política, entre outras, em que estamos inseridos. O professor é visto isoladamente, onde atualmente estão sobrecarregando-o com um "excesso de missões, em que pede-se demais aos professores, às escolas",além das atividades curriculares, como diz Nóvoa:" pede-se mais autoridade, disciplina, leitura de casa, educação". E o papel da família? E ele diz ainda:" não é possível imaginar que os professores tenham condições para responder a este aumento absolutamente imensurável de missões, de exigências no meio de uma crítica feroz, no meio de situações intoleráveis, de acusação aos professores e às escolas". Não devemos reivindicar nossos direitos? Reflitam! Só falta pedirem para abdicarmos dos "poucos centavos" e ainda trabalhar calados. Que horror, gente!Cada um de nós, sabemos de nossas responsabilidades, sabemos o que é certo e errado. Cabe a cada um fazer sua auto-reflexão. E esse problema, não é só nosso. Onde estão os gestores? A secretaria sabe onde os alunos estão sendo alfabetizados ou não. E, se não tomam nenhuma atitude em relação a isso, já sabemos o final da história.Quem são os culpados? Os pro-fes-so-res. Generalizado.Não é verdade?
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