Morreu na manhã de ontem (01), o folclorista e pesquisador potiguar Deífilo Gurgel.
O escritor estava internado no Papi desde 21 de janeiro em virtude de um quadro grave de desnutrição.
A notícia de que teria falecido no final da manhã de quarta-feira chegou à redação da TRIBUNA DO NORTE através do filho do folclorista, o poeta Carlos Gurgel e do neto o jornalista Felipe Gurgel. "Estamos muitos fragilizados, a gente só quer que ele descanse em paz", disse Carlos Gurgel, acrescentando que é a única informação que poderia dar, até aquele momento era a de que o hospital mantinha o paciente ligado a todos os aparelhos.
Deífilo estava para lançar "Romanceiro Potiguar", obra que está na gráfica Manibu pronto para sair com patrocínio da Fundação José Augusto. A obra reúne 300 romances medievais, que ele coletou durante 1985 e 1995, com algumas atualizações nos anos seguintes, e mais de 100 entrevistas realizadas.
Deífilo Gurgel percorreu o RN para fazer um levantamento minucioso do que ainda restava dos romances ibéricos imortalizados por nomes como Dona Militana, de São Gonçalo do Amarante. "Não imaginava que encontraria tanta coisa!", frisou o autor durante entrevista concedida a TRIBUNA DO NORTE no ano passado - sua pesquisa se contrapõe à constatação de Mário de Andrade, musicólogo e historiador que circulou pela região na década de trinta catalogando as sonoridades nordestinas. "Andrade reclamou de não ter encontrado romances por aqui, mas temos que ver ele passou um mês e meio no RN e andou pouco".
Professor aposentado de Folclore Brasileiro do Departamento de Artes da UFRN, Deífilo recebeu apoio da Universidade para viabilizar sua pesquisa. Descobriu romances que antes só havia registro de versões em espanhol como "Milagre do Trigo", apresentado por Dona Militana. Outro destaque de seu trabalho foi o romance "Paulina e Don João", recitado por Dona Maria de Aleixo em Nísia Floresta. A terceira descoberta destacada por Gurgel foi o romanceiro Pedro Ribeiro, de São Pedro do Potengi. "Seu Pedro conhecia cantigas antigas dos tempos áureos da pecuária potiguar. Cantou vários fragmentos de romances criados por Fabião das Queimadas (1848-1928)", lembrou.
Com informações de TNONLINE
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