Monsenhor Expedito completa 12 anos de vida eterna e o nosso blog se solidariza com os fiéis e homenageia este que foi o verdadeiro "Profeta das Águas".
Expedito foi pároco por 56 anos em São Paulo do Potengi, no interior do Rio Grande do Norte, após passar pelas paróquias de Jardim do Seridó, São Rafael e Touros. Aliás, foi o primeiro pároco daquela paróquia, que só deixou quando faleceu, por insuficiência respiratória decorrente de um câncer.
Instado pelo Arcebispo para assumir a Catedral de Natal, razões de saúde contribuiram para que lhe fosse atendido o pedido de permanecer onde estava. Porém, assumiu o cargo de Vigário Episcopal para o Clero, residindo em São Paulo do Potengi.
Ele fazia parte dos que iniciaram a Sindicalização Rural em nível nacional, a Campanha da Fraternidade, pequenas comunidades surgidas e assentadas em torno de receptores cativos da Emissora de Educação Rural, as Escolas Radiofônicas, as Maternidades, as Escolas de nível médio, a Ação Católica Rural, a Formação de Líderes, o Plano de Pastoral, a elevação do padrão cultural do Clero para melhor servir aos irmãos.
Sua luta pelo acesso democrático aos recursos hídricos começou na década de 50, mais precisamente após um episódio ocorrido em 1953, quando, acompanhado de outros padres, ele ouviu de um trabalhador a frase "monsenhor, tira nós dessa escravidão", durante uma visita a uma comunidade rural. A partir de então, passou a se empenhar pela elaboração de projetos definitivos para o problema das águas.
Mas os frutos só foram colhidos quatro décadas depois, com a implementação do programa estadual de adutoras, durante o governo do amigo de infância, Sr. Garibaldi Alves Filho. Conseguiu que este assinasse em 1° de julho de 1996 a lei que criou o Programa de Recursos Hídricos. Projeto de solução simples, definitiva, e pioneira, exportado para a Paraíba, Pernambuco, Ceará, Sergipe e Alagoas, que propunha a transposição das águas de rios e represas para a distribuição à população das áreas carentes. Foi sua última grande obra no campo social, obtida utilizando a força moral da Igreja. Uma das três adutoras recebeu seu nome, e leva água potável a 23 cidades ou povoados.
Sua história completa pode ser vista no site http://www.monsexpedito.cjb.net/ .
Infelizmente o exemplo de Monsenhor Expedito morreu com ele. Lutar pelo bem comum, se sacrificar pelo próximo foram as maiore lições deste homem. Se hoje temos água nas torneiras desta cidade, foi graças a luta dele e de alguns poucos que se uniram e foram à luta. A prova de que unidos conseguimos mudar o que está errado, o que não é bom para todos. O que vemos é o individualismo imperando. "Eu não consigo nem resolver os meus problemas, vou lá me importar com os dos outros" disse um professor. Fiquei pasmo! Como pode, um formador das futuras gerações dizer isso?
ResponderExcluirAté hoje a escravidão da água continua em nossas comunidades rurais como forma de dominação política, trocar água por voto.
Será que iremos precisar de um outro Monsenhor Expedito para nos indicar o caminho?