O texto a seguir foi retirado da página da Tribuna do Norte on line e trata-se de uma reflexão importante sobre o papel do educador atual. Confira:
Denise Caballero da Silva - Professora e Socióloga
Diante da realidade vivenciada atualmente em sala de aula, podemos afirmar que a função do professor ultrapassa os muros da escola. Nos questionamos então, qual é realmente a função social da escola, atualmente? Porque é tão difícil fazer com que o professor possa realizar a sua prática à qual é mediar seus alunos em busca do conhecimento de forma crítica, para então termos cidadãos atuantes numa sociedade? Porque hoje a nossa escola é tão vítima de violência seja implícita ou explicitamente? Frente a tantos questionamentos muitas vezes sem respostas concretas, nos resta analisar, possíveis causas de tantos desconfortos atualmente enfrentados pelo professor na prática da sua profissão.
As notícias que nos chegam constantemente, nos mais variados meios de comunicação denunciam que a violência, o descaso, a apatia, a indisciplina são os comportamentos mais vistos nas escolas de todo o país, são crianças e adolescentes que perderam o encanto e o verdadeiro sentido do que é realmente estudar, ir à escola. Há variadas causas, elas podem vir das famílias desestruturadas, onde pai e mãe já não existem. Nos lares atualmente o que se vê são crianças abandonadas, em função de uma sociedade consumista onde a busca pelo poder aquisitivo fala mais alto que os valores morais e éticos, assim pais saem para buscar desesperadamente o dinheiro para dar mais e mais bens materiais, enquanto seus filhos ficam em companhia da televisão, da internet, nos jogos eletrônicos. Muitas vezes o que realmente importa para essas crianças é o amor e carinho de seus pais. Assim crianças e adolescentes crescem em busca de algo que compense o vazio causado pela sociedade que mais possui, o superconsumismo.
Partindo dessa perspectiva de primeira instituição social falida, nos voltamos a analisar então a escola, a próxima instituição que acolhe essa criança e adolescente, sem diferenciar ensino público ou privado, classe menos favorecida ou classe alta, pois a realidade de desvios de comportamento vem de todas as instituições escolares atualmente no país, vemos então uma escola que enquanto pública enfrenta todas as dificuldades de um ensino escamoteado, prédios mal cuidados, merendas à desejar, professores e funcionários desmotivados e escolas particulares muitas vezes com uma estrutura física e de pessoal bem melhor, porém repassa apenas o que a família faz em casa.
É tudo muito lindo, porém falta o principal: o afeto, o carinho, e o verdadeiro comprometimento dos profissionais de educação para com seus alunos, muitas vezes por esse profissional estar extremamente sobrecarregado, tanto na esfera pública quanto privada, carga horária excessiva, salários baixos, a sociedade da tecnologia e informação cada vez mais exigentes, conteúdos cada vez mais extensos e passíveis a mudanças constantes frente a sociedade da mídia, sobra pouco tempo e espaço para fazer o que realmente é necessário cultivar: os valores morais e éticos aonde eles já não fazem mais tanta importância diante do dia-a-dia corrido em busca do ter cada vez mais.
Esse professor então necessita ser pai, mãe, educador, recreador, amigo, profissional, psicólogo, muitas vezes mágico, para fazer simplesmente o que a sociedade toda espera dele, mediar o conhecimento até seus, problemáticos, carentes, violentos, tímidos, desligados.... seus alunos.
É isso mesmo Francisco Luis. Essa é a nossa realidade...
ResponderExcluirEducar uma pessoa na atualidade é algo muito complicado. O educar de antigamente não é o mesmo de hoje em dia, pois os interesses e principalmente os meios de comunicação enfatizam outras coisas mais importantes do que se ter educação. Na verdade, ter educação é ser inserido na sociedade de uma maneira pré-definida, onde não sejam feridos alguns princípios, valores e concepções. Tais princípios são trazidos de outrora, claramente definidos como de interesse para uma organização social. Não se pode, de maneira alguma fugir disso, fazendo de conta que a escola não possui esse papel de inserção social. Ela possui sim esse papel, de encaminhar as pessoas à vida e à convivência social, de uma maneira adequada ao sistema.
ResponderExcluirEducar perpassa por várias linhas, nem sempre visíveis, porém ficam para sempre incutidas naquele que está ali apreendendo. Por isso, a responsabilidade clara que o professor tem em ajudar o aluno nesse processo de inserção e, até pode-se dizer como sendo uma adaptação necessária à sobrevivência. Nosso papel permeia algo muito holístico, além daquilo que vemos, além daquilo que podemos tocar. Precisamos sentir o presente para que se possa ter um futuro mais completo como seres humanos, em sua plenitude como meio ambiente integrante e não somente como metros quadrados de espaço de vida.
Nessa linha de pensamento, somos livres para assimilar o que quisermos, porém se ninguém nos mostrar o que é adequado, interessante, como saberemos que caminho ou caminhos seguir? Então, não é difícil entender que precisamos sim mostrar caminhos e levar algo muito maior do que conteúdos para uma sala de aula. É ensinar a viver e a respeitar tudo que nos cerca, é caminhar junto, transpor barreiras, correr em círculos muitas vezes para chegar-se a alguma conclusão, dar e receber liberdade com responsabilidade, aceitar os possíveis erros e seguir sempre com motivação e humildade.
É isso que queremos, e precisamos, viver e conviver de maneira educada, abrangente, pois somente havendo essa troca é que se poderá adquirir qualidade de vida.
Talvez sejam muito utópicos esses pensamentos, mas se não tivermos a utopia acabam-se os sonhos, precisamos dessa esperança constante, que um mundo melhor é possível, basta tê-lo como uma bandeira hasteada em nosso currículo orgânico.
Pensar, aprender, voltar, repensar e reaprender são ações surpreendentemente usadas por nós professores. É como se fosse uma mágica, surgem novas idéias, novos pensamentos, novas alternativas, novos saberes e são por nós saboreados e quase sempre experimentados de uma maneira extasiante! São geralmente experimentados na intenção de um acontecimento inédito e quando nos deparamos com o final, voltamos e refazemos tudo de novo, sempre pensando no melhor para nosso aluno, naquilo tudo que podemos oferecer para que ele construa sua autonomia, uma certa mistura de ingredientes pedagógicos eu diria - e com aquele sabor inexplicável de tarefa cumprida momentaneamente.
A expectativa em relação a inserção social e posterior adaptação ao sistema é o que podemos então chamar de educação e esse provavelmente seja o nosso papel, que apesar de desafiador, é provisório, resta-nos então mediar esse caminho de certezas provisórias como diria o nosso grande mestre Paulo Freire.
muito bom, disse tudo sobre a nossa sociedade etual.
ResponderExcluirOlá caríssimaos blogueiros.
ResponderExcluirPosso fazer uma divulgação? Sou autor do livro EXPLORER - MUNDO ADOLESCENTE NA SOCIEDADE ATUAL: MIDIA, CONSUMISMO E MOVIMENTOS SOCIAIS e gostaria de convidar vc a conhecer parte do livro e caso se interesse podemos conversar.